quarta-feira, 4 de setembro de 2013

As histórias da Avó

"Era uma vez..." é o suficiente para despertar o imaginário infantil.
"Era uma vez, uma menina que ia visitar a sua Avó..." era uma das minhas preferidas.
A Avó contava-me a história do Capuchinho Vermelho e do Lobo Mau. A Avó ensinava-me que não devia falar com estranhos, ensinava-me ser obediente, ensinava-me a ser verdadeira.
"Era uma vez...", disse a Avó, e lá contava uma história que inventava na altura. Contava a história da sua neta, a minha história, contava-me que ia ter um príncipe, um castelo, um "felizes para sempre".
A Avó sentia que tinha de me dizer que tudo ia ficar bem, que ia ser feliz. Porque a Avó nunca duvidou disso, desde o primeiro minuto que me viu.
"Era uma vez, um gato maltês, que tocava piano e falava francês...", uma pequena rima que a Avó me ia dizendo, e que eu não conseguia perceber.
"Era uma vez, dois irmãos que estavam perdidos na floresta e encontraram uma casa de chocolate...", lá contava a Avó a história de Hansel e Gretel. Explicando-me que tinha de ter cuidado para onde quer que fosse, que não devia confiar nas aparências.
A Cigarra e a Formiga, era outra história que a Avó sabia. "Moral da história: não deves pensar só em divertir, tens de trabalhar e pensar no futuro", e eu com pena da Cigarra percebia a lição de moral.
A Avó sabia muitas fábulas. Sabia a da lebre e da tartaruga, a da raposa e da cegonha, a do lobo e do cordeiro.
Também sabia a história do Pedro e do Lobo. Contava-me, dizendo que nunca devia "brincar com coisas sérias", que não devia mentir.
A Avó ainda recitava histórias de princesas corajosas, de príncipes fortes, de paisagens bonitas e de animais que falavam.
Contava uma, duas, e três. Às vezes, contava porque lhe pedia, outras vezes para adormecer. Às vezes, corria para ela, querendo mais uma história, mais uma aventura. Às vezes, sentia medo dos mauzões, dos dragões. Às vezes, ria-me com as princesas, com os animais. Às vezes, sonha com a história, outras vezes tinha pesadelos.
E imaginava cada momento, cada pedaço de terra, cada pedra do castelo, cada flor da floresta. Imaginava o vestido da princesa, o cavalo do príncipe e a altura do dragão. Imaginava o cabelo doirado, a cauda do dragão e o bigode do vilão. Imaginava a doçura, a energia, a maldade.
Imaginava um mundo, o mundo, o meu mundo. Sonhava e Sentia. E o melhor de tudo é que aprendia.

Aprendia Imaginando.

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