sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A Avó e as preocupações

A Avó preocupa-se.
É Avó.
Preocupa-se com pequenas coisas. Com grandes problemas. Com coisas só.
Preocupa-se.
Pensa na vida.
A minha Avó preocupa-se com o mundo, com o dia de amanhã, com o país, com a crise. 
Preocupa-se com as flores do jardim, com as ervas que invadem os passeios, com os gatos que passam por lá para comer.
A minha Avó preocupa-se com o tempo, o relógio, os dias que correm depressa.
Preocupa-se com as mudanças e com o que não muda, com o dia que continua igual, com o passar do calendário.
A minha Avó preocupa-se com as pessoas, com os amigos, com os vizinhos, com alguém.
Preocupa-se com aquele que gosta, com o que não desgosta, com o que não conhece.
A minha Avó preocupa-se com a família, com os netos.
Preocupa-se com o seu presente, o seu futuro, a sua sina.
A minha Avó preocupa-se comigo.
Preocupa-se com o que nunca me dirá, com o que me diz, com o que a vida me poderá trazer.
Preocupa-se.
Porque gosta.
Porque ama.
Porque quer cuidar.
Preocupa-se, porque é Avó.
E por isso, diz-me que "a vida não é um mar de rosas", dá-me conselhos.
E por isso, diz-me o que sabe e o que vai sabendo.
Conta-me pedaços de memórias.
Conta-me histórias.
Conta-me vidas.
Dá-me a mão e diz que está comigo.
Olha-me e aconselha-me.
Explica-me o que há de bom, o que há de mau.
Vê-me com o recém-nascido que pisa o mundo pela primeira vez.
E por isso a Avó preocupa-se.
E é a sua preocupação que a faz Avó.
Que a faz ser quem é. Que a faz ter pouco sono.
Porque a Avó não quer só o Bom para mim, para os netos. A Avó quer o Melhor.
E por isso tem as suas preocupações.

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