sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Já dizia a minha Avó: "Muita parra, pouca uva"

A Avó sempre disse que se houvesse muita parra havia pouca uva. 
A Avó sempre disse que quem mais fala menos faz.
A Avó sempre disse que quem muito se gaba pouco tem para se gabar.
"Muita parra, pouca uva", ou seja muitas palavras e poucas obras.
Já dizia a minha Avó que num tempo de colheita, de vindima, interessa mais a uva que a parra.
Já dizia a minha Avó que interesse mais a obra do que a palavra.
Já dizia a minha Avó que "palavras, leva-as o vento", mas que as acções permanecem no tempo.
A Avó ensinou-me a apanhar os cachos. A aproveitar o que a natureza nos dá.
Disse-me que me ensinava a apanhar os cachos para aprender a colher o que a vida me daria, me dará.
Disse-me que me ensinava a perceber a qualidade da uva, para que pudesse perceber a qualidade do que enfrentaria, enfrentarei.
Disse-me para olhar para a parra. Para perceber se era muita. Para perceber se quando havia muita, havia menos ou mais uvas.
Disse-me que como a parra enfeita a videira e esconde as poucas uvas, muitas pessoas enfeitam o que realmente são, a sua essência. 
Disse-me que muitas pessoas não se mostram e falam mais do que fazem.
A Avó dizia que iria encontrar essas pessoas toda a vida.
A Avó dizia que o importante era lembrar que "muito parra, pouca uva" e que quanto mais "sabem", "são", "têm", mais devo olhar para a parra.
A Avó dizia que devo tentar sempre ver as uvas que a vida me mostra e mostrará.
A Avó dizia que o que está por fora nem sempre é o que está por dentro.

Sem comentários:

Enviar um comentário