segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Cantigas e Cantorias da Avó

Já dizia a minha Avó "quem canta seus males espanta". 
Cantar preenche a alma.
Cantar faz-nos sentir melhor. Anima.
A Avó cantava para mim quando era pequenina.
Cantava quando eu tinha dois palmos de comprimento. Cantava quando eu já tinha dois dentinhos. Cantava quando já podia com a mochila as costas. E canta se eu lhe pedir.
A Avó cantava-me cantigas de embalar. Por vezes só fazia "ó ó" ou "la la".
A Avó cantava-me cantigas para me ensinar. "A árvore da floresta a, e, i, o, u..." cantarolava toda contente.
A Avó cantava-me cantigas engraçadas. Cantava o "tiroliroliro", cantava "era uma vez um cu que não gostava de couves", cantava "o meu chapéu tem três bicos".
Cantava e cantarolava cantigas e canções para mim, para os netos, para todos, pela casa.
Cantarolava esperando que eu a acompanhasse. E cantávamos juntas. Eu enganava-me e a Avó corrigia. Eu fartava-me e Avó não se importava. A Avó fartava-se, mas repetia mais uma vez.
As nossas canções iam connosco pelos caminhos fora. O carro era o nosso palco de eleição. O rádio não bastava para as nossas cantigas e a alegria não ficava só no coração.
Nós cantávamos coordenadas e descoordenadas, desafinadas, alto e baixo.
Nós cantávamos alegrias, sonhos e fantasias.
Nós cantávamos pela diversão.
Nós cantávamos pelo sorriso.
Nós cantávamos para animar a vida.
E agora cantamos juntas outras canções, outras emoções, outras desafinações. E cantamos alegres até que a voz nos doa.

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